Jair Bolsonaro está acusado de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação em plena campanha eleitoral em 18 de julho de 2022. O ex-chefe de Estado considera que a fundamentação para o julgamento “é inacreditável”.
O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro está a um voto de se tornar inelegível para os próximos oito anos, no julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que foi esta quinta-feira suspenso, regressando, para provável conclusão, na sexta-feira.
Até ao momento, três juízes votaram pela inelegibilidade de Jair Bolsonaro e um votou contra. O julgamento regressa na sexta-feira às 12:00 locais (16:00 em Lisboa).
Os juízes Floriano de Azevedo Marques e André Ramos Tavares consideram que o ex-presidente cometeu abuso de poder e político e uso indevido dos meios de comunicação durante uma reunião com embaixadores em julho de 2022, em plena campanha eleitoral.
Floriano de Azevedo Marques considerou que Jair Bolsonaro “usou das suas competências de chefe de Estado” para ganhos políticos, num “claro discurso eleitoral”. André Ramos Tavares frisou que Bolsonaro fez “ataques infundados e mentiras” e manipulou “a realidade”.
Por outro lado, o juiz Raul Araújo afirmou que “numa democracia não há de ter limites ao direito fundamental à dúvida”, justificando a votação contra, acrescentando que “cada cidadão é livre para duvidar”.
Juiz relator vota pela inelegibilidade
Na terça-feira, o juiz do TSE e relator da ação contra Jair Bolsonaro, Benedito Gonçalves, já tinha votado pela inelegibilidade.
Os quatro juízes que já votaram ilibaram Walter Braga Netto, candidato de Bolsonaro a vice-presidente.
Defesa de Bolsonaro vai recorrer em caso de derrota
Antes do início do julgamento desta quinta-feira, o advogado de defesa Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, questionado pela agência Lusa, declarou que em caso de derrota iria recorrer ao TSE ou ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O prazo para recorrer são três dias, mas com encerramento em julho dos tribunais superiores a equipa de Bolsonaro terá até ao início de agosto para preparar o recurso.
Em estudo está ainda o envio de uma liminar para que Jair Bolsonaro possa concorrer às eleições municipais de 2024, caso seja o seu desejo, detalhou o advogado.
De que é Bolsonaro acusado?
Jair Bolsonaro está acusado de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante uma reunião que o então chefe de Estado brasileiro organizou, em plena campanha eleitoral, com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada, casa oficial do Presidente em Brasília, em 18 de julho de 2022.
Nesta reunião, Jair Bolsonaro lançou vários ataques infundados sobre a fiabilidade do processo eleitoral e, mais precisamente das urnas eletrónicas, utilizadas desde 1996 e validadas por vários organismos internacionais, e as mesmas que o elegeram para vários mandatos enquanto deputado federal e para Presidente.
O ex-presidente brasileiro não marcou presença do plenário do TSE.
Condenação considerada como “praticamente certa”
A condenação do ex-Presidente do Brasil “é praticamente considerada como certa”, considera a comentadora da SIC, Giuliana Miranda, na análise na SIC Notícias, no dia em que Jair Bolsonaro deverá conhecer a decisão judicial.
Bolsonaro andou “mais caladinho, menos beligerante” para tentar “baixar a fervura antes do julgamento”
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Bolsonaro considera o julgamento “politiqueiro”
O ex-presidente Jair Bolsonaro classificou de “politiqueiro” e “da mais baixa intenção” o julgamento que começou esta quinta-feira no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no qual é acusado de abuso de poder, podendo perder os seus direitos políticos por oito anos.
“Hoje começou o meu julgamento político. Ou melhor, não é político, é politiqueiro. Da mais baixa intenção por parte de alguns”, afirmou Bolsonaro, num evento com trabalhadores dos transportes em Porto Alegre, no sul do país.
“Não estou aqui atacando o TSE, longe disso. Mas a fundamentação é coisa inacreditável”, frisou.
Source: Sic Noticias